quarta-feira, 24 de agosto de 2011

152 anos de Presbiterianismo no Brasil

Por Rev. Alfredo de Souza*

A Igreja Presbiteriana do Brasil comemorou neste dia 12 de agosto de 2011 os seus 152 anos de existência no Brasil, embora saibamos que a presença reformada em solo tupiniquim antecede, e muito, esta data. Pois foi em 21 de março de 1557 que houve a primeira Santa Ceia de orientação reformada no Brasil, mais precisamente na baía da Guanabara, ministradas pelo Rev. Pierre Richier e seu auxiliar, o Rev. Guillaume Chartier, pastores enviados pessoalmente pelo próprio João Calvino. Quase cem anos depois, entre os anos 1637 e 1644, o nordeste brasileiro viveu forte influência da Igreja Reformada quando a região de Pernambuco foi comandada por Maurício de Nassau. Portanto, a fé reformada ronda as nossas terras desde o século XVI, ou seja, há 454 anos.

Mas foi em 12 de agosto de 1859 que o Rev. Ashbel Simonton, missionário estadunidense, chegou ao Brasil para plantar a Igreja Presbiteriana. Seu ministério aqui foi de apenas oito anos quando veio a falecer de febre amarela aos 34 anos de idade. Mas foi o próprio Deus, em sua fidelidade, que plantou e preservou o povo presbiteriano brasileiro e hoje a Igreja Presbiteriana do Brasil é uma grande e respeitada denominação.

Após toda esta trajetória vivenciada pela fidelidade pactual do Senhor Deus, seria oportuno refletir um pouco sobre a relevância da IPB em solo brasileiro e qual seria o seu legado. Acredito que os desafios são muitos, e há muita coisa boa a se imitar de nossos pais do passado. Por este motivo, quero destacar aqui apenas quatro desafios que devemos preservar como igreja no Brasil, existente na sociedade brasileira:

1) Fidelidade na pregação da Palavra. Durante a jornada do povo de Deus ao longo dos tempos, muitas foram, e ainda são, as tentativas de se esvaziar as Escrituras Sagradas de seu conteúdo básico. As heresias, as superstições e o humanismo buscam inserir ideologias enfraquecedoras da firme, irremovível e inabalável Lei do Senhor. E não há como negar a triste constatação de muitos pregadores presbiterianos que subscrevem tais idéias alienígenas à nossa única regra de fé e de prática. Por isso, nosso desafio continua em desmascarar todas as bravatas e sofismas que, em nome do pragmatismo ou do intelectualismo estéril, tentam desonrar a preciosa revelação divina. Portanto, a Igreja Presbiteriana deve continuar fiel na pregação da Palavra!

2) Comportamento ilibado pela santificação. O mundo está cansado dos teatros e das dissimulações decorrentes de igrejas que nada mais são do que sepulcros azulejados em picadeiros psicodélicos. É preciso compreender de uma vez por todas que o verdadeiro brilho diante das multidões não é aquilo que a carne, o mundo ou Satanás podem replicar. O verdadeiro brilho que ofusca as multidões é a vida de piedade e de obediência à Lei do Senhor Deus. Vidas impolutas, vidas santas! É disso que o mundo necessita para imitar. Portanto, a Igreja Presbiteriana deve continuar santa neste mundo depravado!

3) Engajamento na evangelização mundial. Esta obrigação que recai sobre cada crente é indiscutível. Neste sentido, é ato de infidelidade não se envolver com a proclamação das virtudes do nosso Deus aos pecadores. O próprio missionário Simonton, nosso pioneiro, foi um instrumento divino para a plantação de nossa igreja no Brasil. Ele mesmo foi desafiado à evangelização mundial por Charles Hodge e enviado ao Rio de Janeiro pela Igreja Presbiteriana dos EUA (PCUSA), entidade que já mantinha vários postos missionários na Índia, na Tailândia, na China, no Japão e na Colômbia desde 1837. Este é o grande exemplo que temos dos nossos antepassados. Nisto devemos também ser fiéis. Portanto, a Igreja Presbiteriana deve continuar engajada na evangelização ao redor do mundo!

4) Coerência quanto aos parâmetros teológicos. Hoje em dia, o termo evangélico é sinônimo de superficialidade ou de polissemia doutrinária. Não há mais robustez teológica nem compromisso com a Verdade. O que se vê e o que se ouve são inovações nocivas ao zelo peculiar às práticas daquilo que pertence ao Senhor Deus e à sua Palavra. Um exemplo disto é a noção atual de autoridade, presente nos títulos esdrúxulos que identificam aqueles que intitulam a si mesmos como apóstolos, patriarcas ou arcanjos. Além disso, o liberalismo inoculado mansamente envenena a muitos contra tudo aquilo que prioriza os valores morais e éticos de Deus. Ou seja, relativiza o pecado para adequar a teologia às práticas prazerosas dos membros, dando-lhes conforto na depravação. Isso se vê no cotidiano, no discurso e nas liturgias lamentáveis. Não nos esqueçamos de que somos reformados, conseqüentemente possuímos uma teologia muito bem expressa por meio dos nossos símbolos de fé que, no ingresso à igreja, prometemos observar ao longo de nossa vida como crentes. Portanto, a Igreja Presbiteriana deve continuar coerente à sua teologia expressa em seus símbolos de fé!

É importante concluir dizendo que o conjunto destas práticas não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas todas elas, assim como todas as nossas demais ações e pensamentos, devem ser unicamente para a glória devida ao nosso Deus, o motivo da nossa existência como igreja e o preservador desta obra até ao Dia do Senhor Jesus.

Que neste ano a mais de vida, que nas comemorações dos 152 anos de existência no Brasil, reflitamos sobre a nossa identidade e o nosso propósito neste mundo.

Sola Scriptura.

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