domingo, 18 de abril de 2010

 

Tentando ser um Cristão

 

Jim Elliff


Fiquei admirado. Acabara de explicar a um grupo de cientistas nucleares a diferença entre tentar obter a salvação, por meio de nossa próprias obras, e confiar em Cristo para a salvação. Pensei que havia sido excepcionalmente claro. Mas, enquanto eu saía, um homem agradeceu-me, dizendo: “Acho que preciso apenas me esforçar intensamente para ser um cristão”.
Ele possuía tanta esperança de chegar ao céu por meio de seus esforços, assim como tinha esperança de que poderia fazê-lo por meio de uma espaçonave. Sem a ajuda do Espírito Santo e do entendimento proporcionado somente pela Bíblia, todo homem pensa que tem de ganhar o favor divino. A Bíblia não diz isso. Ela ensina que a salvação é um dom recebido tão-somente pela fé, “não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9).
Foi esta verdade sobre a salvação que mudou o curso da história da humanidade em 1516, quando começou a Reforma Protestante. Sola Fide (Fé Somente) se tornou o grito de guerra dos reformadores durante aqueles dias revolucionários. Os reformadores haviam descoberto uma verdade que, por muitos séculos, ficara escondida, atrás dos rituais e dogmas, para a maior parte da sociedade. Mas, com toda certeza, esta verdade não era nova. O patriarca Abraão havia aprendido esta verdade transformadora, 3.000 anos antes que fossem acessas as primeiras faíscas da Reforma.
Abraão descobriu que ser aceito como justo diante de Deus (a justificação) não acontece por meio de nossas boas obras, e sim por meio daquilo que é exatamente o oposto — a fé somente. Esta fé não se manifesta em confiarmos naquilo que fazemos por Deus, e sim em confiarmos naquilo que Cristo fez por nós.
O apóstolo Paulo disse: “Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (Romanos 4.2-3).
Se você pudesse ser aceito por Deus com base em suas obras, haveria razão para se gloriar. Significaria que você nunca peca. No entanto, visto que jamais existiu uma pessoa perfeita, exceto Cristo, o caminho das obras para o céu é impossível. Mas existe um caminho possível para sermos justificados — por meio de crermos (ou seja, pela fé), assim como Abraão foi justificado.
Cristo pagou completamente a dívida daqueles que são dEle. Quando sofreu e morreu no Calvário, Ele fez tudo o que poderia ser feito em favor do pecado do homem. Este foi um dos mais elevados atos da graça de Deus. Pensar que você pode ser aceito diante de Deus por meio dos seus próprios esforços para ser uma pessoa boa menospreza a cruz de Cristo. Paulo disse: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gálatas 2.21).
Se você quer ser justificado ou aceito como justo diante de Deus, terá de vir por meio do caminho de Deus, por meio da fé em Cristo e naquilo que Ele fez por você. “Tentar ser um cristão” é um insulto para Deus e uma maneira de desprezarmos o que Cristo fez na cruz.
Alguns amigos meus assistiram um acidente catastrófico, quando estavam em uma colina acima do rio Guadalupe, no Estado do Texas. Um ônibus cheio de estudantes havia descido a colina para atravessar a ponte que havia embaixo. Por causa da excessiva quantidade de chuvas, a ponte estava coberta com água. O motorista do ônibus achava que poderia atravessá-la com facilidade. No entanto, quando ele estava no meio do caminho, uma parede de água lançou-se sobre o lado do ônibus e o arremessou no rio.
Imediatamente os estudantes estavam procurando sair do ônibus submerso. Alguns conseguiram; outros, não. Aqueles que conseguiram sair do ônibus foram arrastados velozmente pela correnteza, e tentavam se agarrar às rochas, onde quer que pudessem se agarrar. Eles não sobreviveriam por muito tempo.
Helicópteros da base militar de San Antonio vieram rapidamente para o local do acidente. Uma corda, lançada dos helicópteros, era fixada no corpo dos estudantes, tornando-lhes possível serem içados e levados para um lugar seco e distante.
Uma das estudantes já estava quase inconsciente por causa do medo. Quando o soldado aproximou-se dela, foi somente com muita dificuldade que ele pôde fixar o cinto de resgate ao redor dela. Quando ela estava sendo içada, bem acima da água, os seus braços começaram a agitar-se violentamente — tão violentamente, que, na verdade, ela escorregou do cinto de resgate. Meus amigos viram quando aquela moça submergiu na morte, lá embaixo.
Se elas apenas tivesse confiado, poderia ter sido salva da morte.
Deus nunca recompensa o esforço pessoal que você exerce para salvar a si mesmo. Ele não permitirá que você transforme a cruz em uma acontecimento insignificante. Deus não se obrigará a salvá-lo, porque você faz aquilo que acredita ser boas obras. Mas existe um caminho possível, por causa de Cristo — o caminho da fé.
“Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.4-5).
 
Pr. Jim Elliff é o fundador e presidente da organização Christian Comunicators Worldwide (CCW). Obteve seu mestrado pelo Southwestern Baptist Theological Seminary. É membro da diretoria da FIRE (Fellowship of Independent Reformed Evangelicals) e é fundador do ministério Christ Fellowship, uma igreja constituída de congregações nos lares; é autor de vários livros, alguns deles publicados em português pela Editora Fiel. Jim é casado com Pam e o casal tem três filhos.

domingo, 4 de abril de 2010


A Centralidade da Cruz
por
James Montgomery Boyce



            Se a morte de Cristo na cruz é o verdadeiro significado de sua encarnação, não existe evangelho sem a cruz. O nascimento de Cristo, por si mesmo, não é a essência do evangelho. Mesmo a ressurreição, embora seja importante no plano geral da salvação, não é o cerne do evangelho. As boas-novas não consistem apenas no fato de que Deus se tornou homem, ou de que Ele falou com o propósito de revelar-nos o caminho da vida, ou de que a morte, o grande inimigo, foi vencida. As boas-novas estão no fato de que Deus lidou com nosso pecado (do que a ressurreição é uma prova); que Jesus sofreu o castigo como nosso Representante, de modo que nunca mais tenhamos de sofrê-lo; e que, por isso mesmo, todos os que crêem podem antegozar o céu. Gloriar-se na Pessoa e nos ensinos de Cristo somente é possível para aqueles que entram em um novo relacionamento com Deus, por meio da fé em Jesus como seu Substituto. A ressurreição não é apenas uma vitória sobre a morte, mas também uma prova de que a expiação foi satisfatória aos olhos do Pai (Rm 4.25) e de que a morte, o resultado do pecado, foi abolida por causa desta satisfação. Qualquer evangelho que proclama somente a vinda de Cristo ao mundo, significando a encarnação sem a expiação, é um falso evangelho. Qualquer evangelho que proclama o amor de Deus sem ressaltar que seu amor O levou a pagar, na pessoa de seu Filho, na cruz, o preço final pelos nossos pecados, é um falso evangelho. O verdadeiro evangelho é aquele que fala sobre o “único Mediador” (1 Tm 2.5-6), que ofereceu a Si mesmo por nós. E, assim como não pode haver um evangelho que não apresenta a expiação como o motivo para a encarnação, assim também sem a expiação não pode haver vida cristã. Sem a expiação, o conceito de encarnação facilmente se degenera num tipo de deificação do homem, levando-o a arrogância e auto-exaltação. E além disso, com a expiação (ou sacrifício) como a verdadeira mensagem da vida de Cristo e, por conseguinte, também da vida do cristão, quer homem ou mulher, esta deverá conduzi-lo à humildade e ao auto-sacrifício em favor das reais necessidades de outros. A vida cristã não demonstra indiferença àqueles que estão famintos e doentes ou têm qualquer outra dificuldade. A vida cristã não consiste em contentar-nos com as coisas que temos, ou com um viver da classe média, desfrutando de uma grande casa, carros novos, roupas finas e boas férias, ou com uma boa formação educacional, ou com a riqueza espiritual de boas igrejas, Bíblias, ensino correto das Escrituras, amigos ou uma comunidade cristã. Pelo contrário, a vida cristã envolve a conscientização de que outros carecem de tais coisas; portanto, precisamos sacrificar nossos próprios interesses, para nos identificarmos com eles, comunicando-lhes cada vez mais a abundância que desfrutamos...Viveremos inteiramente para Cristo somente quando estivermos dispostos a empobrecer, se necessário, para que outros sejam ajudados.  



Fonte: Fé para Hoje, Versão Online, Número 8, Ano 2000.

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